sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Incógnitas

Aqui em casa estamos passando por uma fase repleta de interrogações. 
A proprietária do apto que moramos demonstrou interesse me vendê-lo, mas não podemos/queremos comprar, já que imigraremos e expusemos isso a ela. O problema é que depois ela acertou de mantê-lo até imigramos, mas, um pouco antes de viajarmos para o Canadá ela ligou apresentando novamente a intenção de vender. Até agora não tivemos mais notícias sobre isso e nem ninguém veio vê-lo. Tememos mudarmos por causa da burocracia envolvida numa locação e a multa a que estaremos sujeitos, pois devemos ir embora bem antes de completarmos um ano no imóvel. 
Meu marido saiu do trabalho logo antes de viajarmos, estava de saco cheio de tudo lá, descontente e querendo procurar algo mais similar ao que realmente pleiteiam no Canadá, na área de TI, pois estava num cargo de gerência de projetos, que acabava sendo mais administrativo do que técnico...Assim, ao retornarmos, lá foi ele arrumar o currículo, fazer uns contatos, se inscrever num site para buscar emprego e esperar. Semana passada ele, efetivamente, começou a enviar seu currículo para algumas vagas e hoje teve o primeiro retorno para entrevistas.
Espero não termos que mudar de apto, espero que meu marido arrume logo um emprego, que meu passaporte chegue (pq tirei o visto americano), que venha uma resposta do Consulado canadense pedindo nossos exames. Nossa vida tem sido esperar...
Quanto antes imigrarmos melhor!!! Na verdade as incertezas que andam rondando nossa vida são tantas que eu já tô ficando maluca! E passar por tudo isso e depois imigrar e recomeçar tudo novamente será muito desgastante.  Realmente, queríamos estar procurando emprego e imóvel em Québec! É duro e desmotivante fazer tudo isso agora, depois de 10 meses de processo federal e saber que por poucos meses (espero!!!) não estamos fazendo lá. Já que é pra sofrer, ficar nessa angústia e espera que, ao menos, fosse duma só vez, no Canadá.
Desde que retornamos tb não voltamos pro francês. Eu estou  fazendo o Fel, mas estou tão desmotivada que levo dez mil anos pra fazer as atividades antes do encontro com a minha tutora. E odeio estar assim pq sei que preciso aproveitar enquanto ainda estou por aqui pra melhorar e estudar o francês e dai fico me culpando e já me arrependendo disso, sem conseguir tomar uma atitude. Eu quero um chip no cérebro com o qual eu consiga falar francês e inglês:)
E assim vamos levando nossos dias...
Au revoir!


terça-feira, 18 de outubro de 2011

1822

Durante a viagem ao Canadá levei 1822 para ler, principalmente nas longas horas de voo e de espera nos aeroportos.
Gostei muito do livro porque ele traz uma construção interessante de D. Pedro I, às vezes depreciativa, às vezes heróica, mas não herói da proclamação da Independência. E, e muitas vezes, ele aparece como uma pessoa, digamos, normal. Simples em costumes e hábitos, mulherengo reconhecido, com atitudes dúbias entre Portugal e o Brasil, astuto, muitas vezes extremado, mas outras tantas piedoso, impetuoso, incansável! 
Sou formada em História e lecionei até o ano passado e sempre tive uma idéia meio negativa e preconceituosa do imperador. Ao ler o livro fiquei muito interessada em saber mais a respeito sob a ótica de outros pesquisadores, porque queria compreendi melhor as difíceis decisões que Pedro teve que lidar, não queria estar no lugar dele.  Na era do Absolutismo Monárquico, bem fragilizado pelas idéias iluministas e pelos reflexos da Revolução Francesa e da Independências das 13 Colônias, e, de um lado a pátria portuguesa e o pai, ao qual sentia respeito e fidelidade de filho, e do outro, a terra em que criou-se, que o recepcionou e que pediu para que permanecesse. Optar por uma delas provavelmente era muito difícil, não só politicamente, mas emocionalmente também.
Interessante também é a imagem da imperatriz Leopoldina, a qual sempre admirei, e de José Bonifácio. Inclusive será lançado no início de 2013, um livro da grande profa. Mary Del Priore (A Carne e o Sangue) sobre a imperatriz, que parece desmistificar e contrariar a imagem de mulher participativa da vida política brasileira, responsável pelo processo da Independência, e sim uma moça atormentada pelas traições do marido, pelo seu desprezo e deprimida. Esse eu  tô louca pra ler!
Bem, fica ai uma dica pra quem ficou curioso. Atente, não estou dizendo que o relato é verdadeiro, já que parte das pesquisas e do subjetividade de Laurentino Gomes, mas é bem intrigante e instigante.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Que dureza!

Que coisa mais difícil colocar as vida nos trilhos novamente quando se conhece o Canadá, e há processo de imigração em andamento!
A vida ainda tá suspensa, mais do que o normal dentro do processo todo de visto. Acho que a gente não quer mais nada, quer é que os dias passem logo, os meses voem e o nosso "combo" chegue:) Ainda mais quando se liga a tv e aparece o noticiário...
Até pegar o metrô fica difícil, as pessoas não sabem falar, não sabem se portar, não têm educação, não tem respeito, não têm noção; isso piora na rua ou no trem. É triste! A origem disso é tão longínqua e parece perpétua, parece sem importância, porque, aqui, a ignorância é uma bênção. Benção pra se eleger sempre os mesmos canalhas, corruptos e imorais, pra se conformar com todos os problemas políticos e sociais, pra aceitar receber salário mínimo de fome, pra aceitar ser humilhado, pra pagar num carro o dobro (ou mais) do que custa no 1º mundo, pra conviver com os flanelinhas e os meninos no farol, pra levar horas pra chegar ao trabalho, pra ficar meses sem trabalho, pra dar mais importância para a aparência do que para a sabedoria ou inteligência, pra aceitar tudo assim.
Ontem, uma amiga esteve em casa e ela chegou há poucos meses da Inglaterra, morou em Londres 3 anos. Ela contou que lá costumava frequentar um mercado que o caixa era auto atendimento, que ela comprava muffin e precisava digitar o final do código de barras pra registrar o preço, relatou que tinha o muffin de chocolate e o com pedaços de chocolate, que pegava o com pedaços, que era mais caro, mas colocava o código do de chocolate na hora de pagar, pq esse era mais barato. Morri de vergonha e dei uma bronca nela. Brasileiro no exterior agindo como 3º mundo e ferrando com a nossa reputação. Espero ter noção e contribuir para a perpetuação na crença de que o outro agirá como eu gostaria que agissem comigo e efetive isso. Se estou imigrando é porque encontrarei pessoas que agem com respeito ao outro e se colocando no lugar do outro. Duvido que minha amiga gostaria de ser a dona daquele mercado em que comprava o muffin, e saber que consumidores agiam como ela. 
 Bem, é isso.

sábado, 1 de outubro de 2011

Conclusões da viagem

Demorei mais de uma semana para escrever esse post pq queria fazê-lo com calma, tentando ser concisa. 
É muito difícil ir para um lugar para conhecê-lo, já que se pretende habitá-lo, apaixonar-se, e ter que esperar meses até, finalmente, poder partir para lá, de modo, inicialmente, definitivo.
Quando começamos o processo de imigração eu não conhecia o Canadá e era (ainda sou) apaixonada pela França e, creio que por esse motivo acreditava que qquer coisa que conhecesse, sobretudo fora da Europa, estaria muito aquém dela. Também, por amar e sonhar com a França, o fato de aprender francês nunca me pareceu um peso, mesmo com as dificuldades intrínsecas em se aprender outro idioma, ainda mais depois de certa idade. Hoje, após passar por algumas cidades francófonas canadenses eu fiquei muito mais excitada com o fato de construirmos nossa vida no Québec.
O lado complicado é que em todas elas observei a necessidade não apenas de aprendermos o francês, mas tb o inglês. Exceto em Ville de Québec e Ottawa (anglófona), em todos as outras cidades que visitamos as pessoas pareciam dominar os 2 idiomas e eles serem necessários para se trabalhar em qquer coisa que seja de atendimento ao público ou em que se entre em contato com ele. Em Québec city, encontramos pessoas que não falavam inglês, em Gatineau, pela proximidade com Ontário, creio que dá pra se viver sem o francês, mas sem o inglês eu não sei.
Isso pra mim, que possuo um inglês catastrófico e um francês engatinhando, é preocupante.
Montréal é muito bonita, com muitos imigrantes, mendigos, metrô, agitada, parece mais cosmopolita do que as demais cidades que fomos. Já falei dela em post anterior, assim como de Ottawa e Gatineau. Quanto a esta última alugamos um carro para ir visitar os bairros que a Pati do Patitando indicou.
Ville de Québec foi a cidade que mais me encantou, com sua parte antiga, suas ruas de pedra, seu porto, seu Marché du Vieux Port, seus sabores, sua história. É uma cidade mais pacata, apesar de ser capital da província, com ruas largas, o maior shopping do leste do Canadá, sem metrô, com menos imigrantes, mais francesa e, muito provavelmente, com menos oportunidade de emprego. Fomos conhecer Sainte-Foy e redondezas, caminhamos pelos bairros e vimos parte da real e moderna cidade que não nos desapontou, exceto pelo episódio da câmera L.
Não posso e nem me sinto no direito de opinar sobre qual a melhor para se morar: Gatineau, Montréal ou Québec. Mas posso explicitar que o Canadá, até onde vi não me desapontou. Deve-se levar em conta que, bem ou mal, éramos turistas e fomos onde foi possível dentro do tempo, dinheiro e interesse que tínhamos, então, conhecemos muito pouco, o que não necessariamente condiz com a realidade daquelas cidades, menos ainda com a do país.
Posso também afirmar que fiquei aliviada porque tinha muitos medos e uma expectativa não muito grande com relação ao Québec, e o que encontrei foram surpresas variadas, desde experiências boas (a maioria) e nem tanto (mendigos, necessidade grande do inglês, pessoas que se apossam de algo que acharam), mas que, ao final foram bem mais positivas do que negativas.
O que vi e vivi revelou-se para mim como o local onde quero fincar minhas raízes e criar meus filhos. Não vejo a hora de voltar!