quarta-feira, 12 de junho de 2013

Coisas que fazemos em paz aqui

Quando mudamos sabíamos das dificuldades que enfrentaríamos, mas também de algumas coisas que gozaríamos, com ou sem dinheiro :) E assim tem sido.

Numa madrugada quente de primavera, marido decide naviguer sur internet olhando sites pra procurar alguma oferta interessante de TV.(Chegamos há 4 meses e estávamos sem TV)
Ele encontrou um modelo que gostou mas, aquele era o último dia da promoção (uma quinta-feira) e, em nenhuma loja de Montréal tinha disponível, o lugar mais próximo era em Laval. Assim, após o trabalho, ele retornou pra casa, pegou o carrinho de compras e foi pra Laval. Voltou, mais de 21:30h, sozinho, com nada disfarçando a caixa da dita, tranquilo a não ser pela dificuldade de carregar o aparelho sozinho e meios disconforme no carrinho. Inacreditável! Em SP, se ele fizesse isso ficaria sem tv, sem roupa, carteira, talvez até sem vida...

No final de semana passado toda cidade estava voltada para o Grand Prix do Canadá, que ocorre em Montréal. Ao mesmo tempo estava acontecendo um festival na Rue Crescent  esquina com a Ste. Catherine (FESTIVAL LG DU GRAND PRIX 2013). Esse evento abre a temporada de festivais de verão da cidade. Então, na sexta depois da minha francisação, eu e 2 amigas combinamos de nos encontrarmos e irmos conferir. Foi muito bom!!!
Chegamos na hora do show de uma banda cover do Queen, maravilhosa! Nos divertimos muito! Dançamos, cantamos, rimos, conhecemos e conversamos com a irmã da cantora da banda que estava ao nosso lado, super animada! Coloquei minha mochila e a caixa com um sapato que havia comprado, no chão, sem medo, com espaço pra dançar e me divertir. Fiquei maravilhada! Estávamos num evento público, em pleno centro da cidade, ouvindo música de qualidade, sem os maridos, sozinhas e seguras, sem empurra-empurra, sem vermos briga, sem aperto, sem gritaria, fiquei até emocionada!
No sábado à tarde, fui com o marido pra tentarmos pegar um autógrafo do Emerson Fittipaldi (nunca faria isso no Brasil, imagine a zona!), chegamos atrasados, mas a tempo dele passar na minha frente e fotografá-lo :) Conhecemos uma família de brasileiros recém-chegados, batemos papo, fomos na Chapters livraria/papelaria, tomamos um café na Starbucks de lá, andamos, passamos no Five Guys onde comemos um lanche antes de retornamos pra casa, numa noite de garoa, agitada e feliz! 
E, no sábado de manhã, eu já tinha ido de metrô e à pé, ao Marché Sá et fils pra comprar comidinhas do Brasil e picanha!!! Levei o tal carrinho de compras, essencial pra quem não tem carro, fiz minhas compras, voltei de ônibus, tranquilamente, admirando a cidade e surpresa de como é diferente de SP.




Domingo, após o almoço, como tem sido todos, quando o tempo colabora, fomos pedalar pelo Canal Lachine, passamos pelo Parc Angrignon, admiramos a beleza da vida! Sentimos o vento no rosto e a alegria no coração! na volta, passamos na Brasserie St Ambroise, que fica ao lado da ciclovia, tomamos um chopp, comemos alguma coisa e continuamos o nosso caminho, até a estação St. Henri, onde resolvemos voltar de metrô. Bateu um 'banzo":)

Mas nem tudo são flores...O sistema de metrô de Montréal passou por uma mudança no seu sistema informatizado e isso tá dando uns paus e contratempos! Algumas vezes por semana os trens atrasam, a linha laranja (a minha...) pára. Por 2 vezes vim do Cégep até em casa a pé, uma hora de caminhada! Até tentei pegar o ônibus, mas numa situação dessa, imaginem como não está o ponto de ônibus...
Outra coisa é a dificuldade de se encontrar um médico de família, a quantidade de horas que se tem que esperar pra ser atendida no hospital, ou mesmo na clínique privé. Longe do perfeito!

Mas continuo afirmando que a felicidade, a paz, as oportunidades, os parques,...tudo supera os inconvenientes e, até mesmo a saudade! Isso torna menos doída a saudade, as dificuldades do idioma, o desemprego, o começar de novo! 
E posso afirmar que amo o Canadá, amo Montréal!!! E que a cada dia fico mais revoltada com o Brasil, em que o clima é sempre bom, em que na terra tudo dá, que é lindíssimo e cheio de praias, mas sem vergonha, sem caráter, sem amanhã. Meu país que eu amo e que sempre será meu, mas que nunca me ofereceu a possibilidade de tornar meus sonhos reais e um dia de paz e como o que vivo aqui!