Eu sou apaixonada pelo livro
O Menino Maluquinho do Ziraldo, pode parecer infantil, mas não é um livro totalmente infanto-juvenil. Pq a batalha constante do menino, durante todo o livro, é contra o tempo. Que o tempo passa rápido demais, o relógio não volta atrás, a energia e a ansiedade em viver é tanta que, 24 horas são insuficientes. E o garoto aproveita tanto sua infância, sua juventude que qdo se dá conta já é adulto, e um adulto feliz!
Quem já passou dos 30 tem um sentimento meio nostálgico ao ler o livro, saudade de ser criança, de ser mais jovem, de poder arriscar mais, "perder tempo", poucas responsabilidades, uma sensação de que a juventude, a vida, é eterna e vai demorar pra toda energia acabar. Nostalgia que leva a lembrar das brincadeiras de criança e de como foi bom, como fomos felizes e nem nos damos conta disso, nem temos tempo de ficar lembrando com prazer dessa fase e de pensar em agradecer à vida, a Deus e aos nossos pais a oportunidade de termos vivido aquele tempo como vivemos, sonhamos e nos divertimos.
O carrinho de rolimã que meu pai fez, com freio e tudo e que a molecada morria de inveja:) Tiveram outros carrinhos antes, qdo eu era mais nova ainda, que ele fez de madeira e que eu brincava no pomar, perto do pé de café que ficava atrás de casa (e olha que eu morava no interior mas na cidade:), com uma pá escavadeira que ele faz com pedaço de lata e era super legal! Não sei onde foi parar, qdo sumiu...
Eu e minha irmã, qdo só éramos nós 2, ficávamos sumindo com as agulhas e alfinetes da minha mãe, pq a gente queria retalhos pra fazermos roupas (super toscas) para as bonecas, e vasilhinha e farinha pra comidinha, sem falar em lençóis pra colocarmos pendurado no varal pra ser nossa casinha, falávamos enrolado, pra imitar o inglês, e tínhamos nomes estrangeiros e horrorosos; pensando bem, ainda bem que meu gosto melhorou:) Tão bom! Óbvio que houve puxões de orelha, brigas, várias cintadas, etc, etc, mas nada que superasse a experiência feliz dessas brincadeiras, dessa fase.
As broncas e apanhões fazem parte da moldura boa ou não do adulto que me tornei, assim como as lembranças e experiências. Um adulto que não é perfeito, mas creio que tem dignidade, caráter, princípios, senso de honra e de humanidade. Ao contrário de muitos jovens hj moldados pela aprovação automática, pela condescendência dos pais e da sociedade, pela facilidade em ter e se obter tudo, que não sonha, que não luta, que não tem personalidade, que é cópia, que não se faz alguém.